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Point-of-View Shot - Caligula (1979)

por Catarina d´Oliveira, em 03.07.10

 

“I have existed from the morning of the world and I shall exist until the last star falls from the night. Although I have taken the form of Gaius Caligula, I am all men as I am no man and therefore I am a God.”

 

Quando se pensa em imperadores tiranos, Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus tende a estar numa posição muito alta da lista. Este é nada mais, nada menos do que o imperador romano que ficou universalmente conhecido por Calígula – alcunha (que significa “botinhas”) dada pelos soldados das legiões comandadas pelo pai que gostavam de vê-lo mascarado de legionário com pequenas caligae (sandálias militares) nos pés.

 

Caligula é uma das mais polémicas produções de cinema alguma vez feita.
A fita conta a infame e trágica história da ascensão e queda do imperador romano Calígula, mostrando os métodos violentos com que chegou ao trono, e a loucura que reinou no seu império. Caligula exilou ou matou membros da sua família, gostava de ver torturas enquanto jantava e auto-declarou-se um deus. Desde a necrofilia ao incesto, das orgias elaboradas às execuções violentas e despropositadas, é um festival hardcore de choque; o épico mais mal-falado de sempre.

 

Existem várias versões, desde a censuradíssima de 90 minutos à lendária versão de 160 minutos (aquela a que assisti) e que pouco ou nada deixa à imaginação.

 

 

Pela primeira vez na vida, tenho alguma dificuldade em saber por onde começar esta crítica. Caligula é um filme de excessos sendo em si mesmo um excesso. Uma fita polémica que tem também bastidores polémicos: Gore Vidal (argumentista) e Tinto Brass (realizador) quiseram os seus nomes fora dos créditos. Vidal defendeu que o ponto de vista do seu argumento foi alterado, e aqui torna-se difícil avaliar o argumento realmente, que, no entanto, surge como dúbio dando muitas vezes apenas meias explicações para os acontecimentos (quando as dá), por exemplo, na marcada mudança de comportamento de Calígula.


Por outro lado, Brass alegou ter sido expulso da sala de edição pelo produtor Bob Guccione depois de ter discordado em incluir no filme as cenas de sexo hardcore criadas pelo produtor. Guccione seguiu então ele próprio com a edição escolhendo cenas que não eram para ser incluídas, cortando outras e pondo-as em ordens diferentes (e erradas, diga-se) e recriando diálogos que são colados de forma excepcionalmente grosseira por cima dos originais. Há pénis, vaginas, masturbações e relações sexuais absolutamente sem contexto e espalhadas de forma aleatória (até entre diálogos dos personagens), e a violência de algumas cenas é escandalosa. É desnecessário dizer que a montagem e edição são completamente deploráveis.

 

É ainda de notar que, como em tantas outras incursões cinematográficas, somos levados a acreditar em meias verdades, como por exemplo a recorrente afirmação dos romanos como um povo exclusivamente mau, promíscuo e sem escrúpulos.

 

Pessoalmente, gosto bastante de filmes históricos, e, neste sentido, esforcei-me ao máximo por encontrar algo positivo em Caligula - custava-me imenso dar-lhe um zero redondo. A representação das relações de poder é uma das forças do argumento e denota a escrita culta e cuidada de Vidal. O discurso de Tiberius, as traições, as armações, os cinismos. E grande parte da revolta interior de Calígula era para com os membros do senado (revolta esta em grande parte incutida por Tiberius), sendo categoricamente mostrada na cena em que Calígula implementa que a nova forma de arrecadar fundos para o Império é que as mulheres dos senadores se prostituam.

 

O elenco é sem dúvida de luxo, e dentro do espaço que tem para trabalhar, não desilude. Malcolm McDowell e Peter O'Toole são as grandes estrelas. O primeiro, como o louco imperador entrega-se de corpo e alma a mais um personagem tresloucado (depois de protagonizar o perturbador porém genial The Clockwork Orange em 1971), e O’Toole na sua pequena aparição é profético, sarcástico e firme.

 

 

A questão é, como é que ninguém parou este fiasco? Repugnante e obsceno, torna uma história potencialmente interessante num vazio interminável. Nem funciona como filme pornográfico, nem incorpora as cenas sexuais de forma remotamente aceitável e a violência é extrema, desnecessária e graficamente insuportável. Outros filmes integraram tudo isto com sucesso, o que aconteceu porque os realizadores e editores sabiam como montar e encenar o choque, algo que, obviamente, ninguém soube fazer aqui. E quando nem o sexo funciona... uiii... alguém terá problemas.

E assim termina uma lição de “como fazer de um filme de qualidade e polémico uma autêntica aberração”

 

"I, Caligula Caesar, command in the name of the senate and the people of Rome."

 

3/10

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1 comentário

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De Hugo Gomes a 24.07.2010 às 20:27

Li muito sobre este filme enquanto escrevia sobre Satyricon de Federico Fellini, pelos vistos Caligula teve influencia dessa fita onirica. Porém pelos comentarios e agora pela tua critica não deve ser um contributo á velha arte do cinema, contudo já o tenho na lista dos futuros a ser vistos.

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