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"The rush of battle is often a potent and lethal addiction, for war is a drug"
The Hurt Locker é uma aventura profundamente tensa passada em Bagdade no ano de 2004 e que acompanha uma equipa de soldados norte-americanos cuja missão faz da sua companhia aquela com maior taxa de mortalidade de todas: desarmar bombas e explosivos na ruas, nos corpos dos terroristas, ou mesmo nos cadáveres dos que já partiram.
O único desejo de todos é sair do Iraque com vida; e a contagem decrescente até ao regresso ecoa a cada segundo na cabeça de todos.
A abertura é devastadoramente imparcial e desde logo demonstra o tom no qual Bigelow contará a sua história. The Hurt Locker segue, no seu itenerário principal, o destemido e viciado na adrenalina Sargento James, o jovem Eldridge e o sargento veterano Sanborn.
Em todo o lado, iraquianos espreitam e controlam o trabalho dos bravos soldados. De uma janela, de uma vala, por detrás de uma vedação, lá estão eles a observar. E qualquer um deles é um possível infiltrado, um possível inimigo.
Katherine Bigelow é mestra na realização construindo, peça por peça, um retrato psicológico e um filme de acção excitante. The Hurt Locker capta como poucos as complexidades da Guerra sem se debruçar sobre quaisquer reflexões políticas. O Iraque é apenas uma desculpa de cenário. O filme e a história não se importam com culpados, com moralidades ou o certo ou o errado. O que realmente interessa é que estes homens lá estão, e têm uma missão que roça o mortal. Mas têm também um sonho: sobreviver e regressar.
Este é um filme independente que mete no chinelo muitos filmes e/ou blockbusters de orçamentos galácticos.
A imagem e fotografia estão a cargo de Barry Ackroyd (habituado às lides dos documentários) e talvez daí adevenha o realismo e pressão genuínas de The Hurt Locker; é quase como se nós mesmos estivessemos a um passo das bombas e a um simples toque da morte.
O sargento James é interpretado por Jeremy Renner, que, não desfazendo o restante elenco principal (duas belas interpretações por parte de Anthony Mackie e Brian Geraghty), é a estrela do espectáculo. James não é um homem de grandes palavras e nem de longe o típico herói de guerra. É um homem com um dos mais perigosos trabalhos do mundo, mas que ainda assim se orgulha nele e dele retira prazer e adrenalina.
Indo contra a concepção geral, é nos secundários que podemos encontrar as caras mais conhecidas, mas como a missão de The Hurt Locker não é comercial, as suas presenças são tão cruas e fugazes e a tensão é tanta que nem perdemos tempo a anotar mentalmente a presença de “estrelas”.
The Hurt Locker não tem receio de escarafunchar até ao cerne da natureza humana. A violência, a coragem, a loucura e os instintos são uma presença constante nas duas horas e pouco que passeamos pelas ruas sangrentas de Bagdade.
É um bravo ensaio sobre a sobrevivência, o risco, a realidade desligada e fragmentada dos combatentes. A paranóia e o suspense são os seus nomes do meio, e é daquelas fitas que podem ser consideradas de puro terror humano.
The Hurt Locker tem tudo: a alma, a qualidade visual e de enredo, as caras reconhecíveis a povoar vários lugares e, sobretudo, o F maiúsculo; que Filme!
9.5/10