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"Earnest Hemingway once wrote, - The world is a fine place and worth fighting for.
I believe the second part."
Há dois anos dediquei duas horas de uma noite para ver um tal Seven (ou Se7en), um filme independente sobre o qual tanto já tinha lido e ouvido. Esse "filmeco" entrou directamente para o meu top de filmes favoritos. Um dos melhores thrillers que já tive a oportunidade de ver.
William Summerset é um detective à beira da reforma. A restar-lhe apenas uma semana de licença, é-lhe atribuído um macabro caso que terá de investigar com um detective novo na cidade: o jovem mas corajoso David Mills.
O intrigante caso implica uma série de mortes que parecem ligadas por um antigo ensinamento da igreja católica: os sete pecados mortais.
Os dois policias, nem sempre de acordo, acabam por formar uma espécie de supra-detective muito eficaz, mas ainda não o suficiente para apanhar o génio sádico que prossegue com a sua matança.
Os filmes de thriller ou suspense, como se preferir, figuram nos meus géneros favoritos sem qualquer dúvida. Há qualquer vida oculta neste tipo de fitas (quando bem conduzidas!) que nos prende de tal forma que passamos a fazer parte daquilo que estamos a ver. E depois, como um balde de água fria, o(s) twist(s). "Desta é que eu não estava à espera!" É este o pensamento que me vem à cabeça quando vejo um bom thriller.
Agora, imagine-se este pensamento multiplicado por 10, ou 20. Aí está Se7en.
O ainda novato David Fincher começava aqui a revelar-se como o mestre do suspense que se revelou nos anos que se seguiram. A meu ver, este terá sido mesmo o seu melhor trabalho, exímio em praticamente todas as frentes.
O jogo de luzes e cores enegrecidas e o plano claustrofóbico criam o ambience de uma história intrigante e perturbante.
Nunca chegando a ser aborrecido, o rumo que toma nunca é o do caminho fácil: há apenas uma cena de acção, sendo que todos os homicídios nos são apresentados já com a vítima morta. O enigma não é juntar as peças, porque não há peças para juntar. O criminoso está sempre um passo à frente, ou dois passos à frente. O enigma é descobrir a mensagem.
Se7en é especialmente brilhante nos detalhes, em todas as surpresas que prepara: desde os deliciosos twists, à identidade escondida do assassino (o actor que o desempenhou não foi revelado na promoção do filme nem nos crédito iniciais).
O final é poderosíssimo a todos os níveis. Uma autêntica bomba, um coroar de uma magnífica jornada estonteante pela mente de um incompreendido assassino.
Mas o que torna Se7en num filme de culto soberbo, não é apenas ser um brilhante thriller policial. É especialmente uma mensagem rouca de desespero de um mundo que parece perdido e completamente entregue à desgraça e à impotência dos Homens.
O verdadeiro desafio que se impõe é olhar além da loucura de John Doe e tentar descobrir onde esta acaba...e onde começa a racionalidade daquilo que pretende transmitir.
9.5/10